segunda-feira, 8 de maio de 2006

O cesto e a àgua

Um discípulo dos padres do deserto desejoso de corrigir os seus defeitos e de se tornar perfeito, abeirou-se do seu mestre e manifestou-lhe o seu propósito.

Muito louvável! — Respondeu o mestre – Toma a Bíblia e lê-a; ao cabo de uma semana vem dizer-me o que aconteceu.

Passada uma semana, o jovem voltou ao mestre e disse-lhe:

Não aconteceu nada; aliás, a leitura é fastidiosa.

É natural, – disse o mestre; - agora, além de leres a Bíblia, enche um cesto de terra e cada dia deita-lhe água em abundância; depois vem comunicar-me o resultado.

No termo de mais de uma semana, o noviço tornou ao mestre:

Não aconteceu nada digno de registo; ao deitar água, a terra vai-se escapando pelas fendas do cesto.

Continua a fazer o mesmo, por mais algum tempo — serenou-o o mestre.

Passado muito tempo o noviço voltou desanimado ao seu mestre:

Não me apercebi de nada notável; o que posso dizer é que com a repetição diária da mesma operação, a terra saiu toda com a água e o cesto ficou vazio.

É isso! - Exclamou o mestre – É a transformação que conseguirá em ti a leitura constante da Palavra de Deus escrita; esta é a água límpida que purifica; o cesto de terra és tu; a terra são as tuas impurezas e imperfeições. Deixa-te penetrar pela água viva da Palavra de Deus, que ela irá expulsando de ti os maus hábitos e te configurará à imagem do Filho de Deus.

in “A Arte de ler a Bíblia - Em louvor da Lectio Divina”

de Armindo S. Vaz — Ed. Carmelo + A.I.S.- 2OO2

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